Terceiro Capítulo:
Incentivo
Um estudante que estava se preparando para obter o certificado de Teologia. Um rapaz simpático e inteligente. Obteve o grau de doutor, mas também conheceu uma jovem e se casou. Vários anos depois, quando o casal já tinha dois filhos, e ele estava empenhado numa vitoriosa carreira, seu mundo veio abaixo. Sua esposa o abandonou levando consigo as crianças, o momento que entrou em casa e encontrou tudo frio e vazio. Quando se conscientizou da dura perda, foi dominado por sentimentos horríveis, instilando nele o paralisante veneno do desespero. O tempo passou, e nada se modificou: só restavam lembranças. Reconciliação foi-se tornando cada vez mais difícil, e finalmente impossível. O horror daquelas horas intermináveis levaram-no a questionar muitas coisas. Dizer que ele estava no mais baixo nível é dizer pouco – ele estava arrasado. Nessa ocasião ele escreveu a página que se segue:
Os dias são longos, mas as noites mais longas – e mais solitárias.
Espero o amanhecer – mas as trevas me seguram em suas garras.
E luto sozinho.
O sono me foge, quando as lembranças dos bons momentos – e dos maus -
Expulsam os últimos vestígios de alegria e me deixam inquieto – sofrendo -
Enchendo-me a mente com pensamentos de amor – de hostilidade,
De desatenção – de remorso.
Ó Deus, clamo então, este sofrimento não terá fim?
Será que a vergonha irá atormentar minha vida para sempre?
Não haverá ninguém para caminhar comigo?
Aceitando-me
amando-me
interessando-me
perdoando...
Disposto a construir comigo uma nova vida, em bases mais firmes -
A quem eu possa jurar fidelidade eterna, e ela a mim também?
Outros têm chorado comigo, em meio a essas trevas...ele se interessaram por mim -
Mas dentro dos limites de nossa humanidade.
Os seus próprios interesses têm que tomar precedência.
E no fim eu fico sozinho – distante de ti.
Já tentei construir de novo – por mim mesmo – mas fui precipitado, insensato e instável.
Novas mágoas vieram abrir de novo as feridas ainda não cicatrizadas.
A luta ainda não terminou.
E assim vou-me arrastando inquieto, mas sem me entregar à derrota e ao desespero.
Com esperança de dias melhores,
Em direção à luz interminável,
Em direção a DEUS que me guarda em seu cuidado.
E foi o estímulo de outras pessoas que constituiu um oásis para ele, em meio ao deserto da derrota. Algumas pessoas, com muita simpatia, o ampararam incessantemente, dando-lhe esperanças e fortalecendo sua vontade de viver, enquanto outros deram-lhe as costas, rejeitando-o e questionando seu caráter. Hoje ele está feliz, trabalhando como executivo de uma organização evangélica, exercendo uma função difícil, mas gratificante. Sobreviveu graças às palavras de estímulo e apoio. E sua história é apenas uma entre milhares de outras; e exemplifica a importância estratégica que o encorajamento tem na vida daqueles que sofrem.
Todas as pessoas, acossadas por pressões, prazos e datas; sofrendo o peso das preocupações, adversidades e fracassos; alquebradas por desilusões; derrotadas pelo pecado, vivem numa atmosfera que varia entre o cansativo desânimo e o pânico total. Nem mesmos os crentes estão imunes a essas coisas. Até podemos ter um ar de quem diz: “Está tudo sob controle”. Mas encarando as coisas de um modo realista, temos que reconhecer que nós também temos lutas, perdemos o equilíbrio vez por outra, escorregamos e caímos, batemos de cara no chão.
Todos nós precisamos de estímulo – de alguém que acredite em nós. De alguém que nos reanime e nos fortaleça. Que nso ajude a dar a volta por cima e prosseguir na caminhada. Que nos ajude dando -nos renovada determinação, e despeito os problemas.
Quando paramos para pensar no conceito de “estímulo”, ele ganha um novo significado. Estimular é inspirar outros, dando-lhes renovada coragem, ânimo e esperança. Quando incentivamos outros, nós o estimulamos a prosseguir, nós os encorajamos e reanimamos.
Não importa o quanto uma pessoa possa parecer segura, madura e influente, um estímulo sincero sempre tem seu lugar. Há alguns que precisam de doses macissas de incentivo, enquanto estão arrastando-se nas lutas do dia-a-dia. Mas são por demais orgulhosos para reconhecerem isso. Infelizmente, este orgulho é tão comum entre o povo de Deus, como é nas ruas do mundo.
É lógico que esta questão de incentivo não é apenas um sorriso e um tapinha nas costas. Precisamos compreender como ele é valioso. Leia Hebreus 10.19-25.
E o maravilhoso do incentivo é que qualquer pessoa pode fazê-lo. Não é preciso dinheiro para se incentivar os outros. Não é preciso ter uma certa idade.
Existem muitas pessoas que estão “secando” na vinha simplesmente por falta de uma palavra de estímulo. Há missionários sozinhos e esquecidos, militares servindo no exterior, universitários e seminaristas, pessoas doentes e outras gravemente enfermas, divorciadas, pessoas que sofrem, e todos os que estão servindo a Deus por trás dos bastidores, e que quase não recebem palavras de ânimo de ninguém.
O objetivo do estímulo é remover da vida de alguém a dor ou o sofrimento. Temos que tomar cuidado para não criarmos outros problemas para aqueles que desejamos reanimar. Além disso temos que fazer tudo sem pensar em retribuição. Quem espera reciprocidade está, na verdade, impingindo ao outro um sentimento de culpa, e não dando-lhe palavras de apoio. Outra coisa, devemos estar atentos para sabermos a hora certa de praticar uma ação qualquer. Uma palavra de estímulo dita no momento adequado nunca é esquecida.
“Um dos mais elevados deveres do ser humano é o encorajamento... É muito fácil jogar água fria no entusiasmo de alguém; é fácil desestimular uma pessoa. O mundo está cheio de 'desanimadores'. Mas nós temos o dever cristão de estimularmos uns aos outros. Quantas vezes uma palavra de agradecimento, de gratidão ou de ânimo tem mantido pessoas de pé.”