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DEUS TEM OUTRA OPINIÃO.

terça-feira, 17 de junho de 2008

Vejamos, então, o posicionamento do Rei Davi e do próprio Deus, com relação ao pecado, e com relação ao crime.

Davi comete o pecado de tomar Bete-Seba, e deitar-se com ele, quando Urias, seu marido estava na guerra. Bete-Seba engravida, e Davi tomando ciência disso tenta utilizar-se de uma estratégia: chamar Urias do campo de batalha, e o mandar para casa. Urias ainda recebeu um presente do rei (II Samuel 11:8). A estratégia seria perfeita, se Davi não estivesse tratando com um homem de responsabilidade e de senso moral aguçado, como Urias: Urias era um homem sério que zelava pelo nome de Deus (ele chega a citar que a arca estava no local de batalha) e lembra que os seus colegas também estavam em guerra (II Samuel 11:10-11). Ainda que Davi o tivesse embebedado, Urias não fez cumprir a estratégia de Davi (II Samuel 11:13).

Davi então tramou a morte de Urias, colocando-o num ponto da batalha onde este fatalmente seria morto pelos inimigos.

Após a morte de Urias, Bate-Seba cumpriu o tempo de luto e depois Davi casou com Bate-Seba e essa deu à luz uma criança.

Ora, Davi, legalmente não havia cometido nenhum crime. O adultério era crime, mas não se poderia apedrejar alguém que não fosse pego em flagrante adultério, e além do mais, quando um marido ia para a guerra dava à esposa uma carta de divórcio, logo não havia crime em o rei tomar uma mulher com carta de divórcio e ter relações sexuais com ela.

Também não havia cometido nenhuma ilegalidade em colocar Urias num determinado ponto na guerra. Aliás, alguém morrer numa guerra seria completamente comum. Então não havia crime algum.

"Porém, isto que Davi fizera foi mal aos olhos do Senhor" (II Samuel 11:27b).

Para muita gente aqui no Brasil, ver uma história dessas seria motivo para muitas piadas para com Urias, e ainda mais no Nordeste, onde Davi teria agido com um "cabra-macho" e muito seria um homem muito esperto. O pior é saber que muita gente dentro da igreja, na prática, também acha assim mesmo! O impressionante é que nesse episódio, Davi ainda sai de "bom moço", como aquele que dá abrigo a uma pobre viúva e dar abrigo ao filho dela.

Talvez alguns teriam dito: Davi acabou mesmo fazendo um papel honroso. Assumiu a 'besteira' que fizera (o fato de engravidar uma mulher). Mas Deus não pensava assim. E o mais interessante: toda a lei foi passada pelo próprio Deus a Moisés, e Davi não havia feito nada contra a lei. Mas Deus está para além da letra, Deus é aquele que sonda os corações!

O profeta Natã aparece para falar com Davi, muito tempo após o casal haver tido aquela relação imoral (digamos que pelo menos 1 ano após - leve-se em conta que Bate-Seba havia passado o período de luto e já também havia dado à luz). E aí eu fico pensando, que muitos dos nossos irmãos e dirigentes, hoje, se estivessem no lugar de Natã, poderiam ter pensado, diante do chamado de Deus:
Não houve nada ilegal;
Urias já está morto e não podemos fazer nada mais por ele;
Além de que, Urias - um homem quase preocupava muito com os seus colegas de exército e com a arca de Deus, não se preocupava mesmo com a mulher;
Davi já tomou ações de proteção social para com a viúva;
Davi já assumiu a criança;
Tudo foi feito em oculto e ninguém sabe de nada;
Israel continua indo muito bem;
E já faz tanto tampo, não é?
Então: "Deixa para lá! Até porque estamos falando do Ungido de Deus, aquele que trouxe a grandiosidade a Israel, o homem segundo o coração de Deus. E está tudo resolvido! Vamos orar ao Senhor e continuar vivendo em paz".

Talvez o próprio Davi estivesse bem tranqüilo. Continuava com seus exércitos vencendo guerras, Israel prosperava... e parecia que Deus estava aprovando tudo o que ele fazia e o abençoando grandemente...

Acontece que o SENHOR Deus sabe que paz sem justiça não é paz, pode ser, no máximo tempo de passividade. E que sucesso não é sinônimo de bênção de Deus. O Senhor sabe que nem sempre a lei escrita (ou o direito positivado, como diriam os juristas), traduzem a justiça. E felizmente Nata não tomou a mesma decisão que muitos dos nossos irmãos tomaria ("deixa isso pra lá").

Então Deus diz através de Natã: "Porque tu o fizeste em oculto, mas eu farei isto perante todo o Israel, e perante o sol" (II Samuel 12:12).

Porém mais do que isso: Davi poderia apresentar a Natã todas as justificativas listadas acima, e certamente mais algumas outras do tipo "estávamos carentes' e 'errar é humano". Porém o rei não age assim. Mostra-se completamente (sem reservas) arrependido, "no pó e na cinza" (ou seja, de modo visível diante de todos) e ainda que compõe um salmo (salmo 51) para ser lido diante de toda a congregação israelita, onde confessa o seu pecado.

Com isso aprendemos que nem sempre o que é legal é justo, porém reforçamos que a justificação nada tem a ver com justificativas. E nós, evangélicos, como discípulos de Cristo em nossos dias, em nosso país, deveríamos ser exemplo nisso. Estamos sendo?

Bp. Jairo Barbosa.